Assinatura Digital: Como a decisão do STJ facilita a vida dos brasileiros no exterior
O Superior Tribunal de Justiça
(STJ) tomou uma decisão nesta semana (outubro de 2024) significativa de
desburocratização que beneficia grande parte da população, especialmente os
brasileiros que residem no exterior, ao validar o uso de assinaturas eletrônicas
realizadas fora do sistema ICP-Brasil (Infraestrutura de Chaves Públicas
Brasileira).
Sob a relatoria da ministra
Nancy Andrighi, a 3ª turma do STJ reconheceu que assinaturas feitas em
plataformas digitais não certificadas pelo ICP-Brasil são válidas.
Essa determinação se baseou na
Medida Provisória 2.200/01, que autoriza o uso de outras formas de comprovação
de autenticidade para documentos eletrônicos, desde que aceitas por ambas as
partes.
O que é assinatura ICP-Brasil?
A assinatura ICP-Brasil é
um sistema de certificação digital que utiliza a Infraestrutura de Chaves
Públicas Brasileira (ICP-Brasil), criado para garantir a autenticidade,
integridade e validade jurídica de documentos eletrônicos no Brasil. Aqui estão
os principais aspectos que caracterizam a assinatura ICP-Brasil:
- Segurança e Confiança: O sistema
ICP-Brasil oferece um alto nível de segurança, permitindo que as partes
envolvidas confiem na autenticidade das assinaturas e na integridade dos
documentos eletrônicos.
- Certificação Digital: Para usar a assinatura
ICP-Brasil, o usuário deve obter um certificado digital de uma
Autoridade Certificadora (AC) credenciada. Esse certificado funciona como
uma identidade digital, validando a assinatura eletrônica do documento.
- Validade Jurídica: As assinaturas digitais
geradas pelo sistema ICP-Brasil têm o mesmo valor jurídico que assinaturas
manuscritas, conforme a legislação brasileira. Isso significa que
documentos assinados digitalmente podem ser utilizados em processos
judiciais e em outras situações legais.
- Funcionamento: A assinatura é criada com uma
chave privada, única para cada usuário, enquanto a chave pública, que
valida a assinatura, é acessível a qualquer pessoa. Isso garante que
somente o titular da chave privada possa assinar um documento, enquanto
qualquer um pode verificar a assinatura utilizando a chave pública.
- Uso Amplo: A assinatura ICP-Brasil é
amplamente utilizada em diversos setores, incluindo transações
financeiras, contratos eletrônicos e processos administrativos e
judiciais.
Além da ICP-Brasil, existem
várias outras plataformas e sistemas de certificação digital utilizados em
diferentes países e contextos.
Aqui estão algumas das
principais: DigiCert, GlobalSign, Entrust; Adobe Sign, DocuSign, eIDAS, Comodo,
etc.
Essas plataformas oferecem
alternativas ao sistema ICP-Brasil, cada uma com suas próprias características,
níveis de segurança e aplicações específicas, dependendo das necessidades de
usuários e organizações em diferentes contextos.
Entenda a decisão do STJ
Inicialmente, o
processo havia sido arquivado pelos tribunais inferiores, que avaliaram que a
assinatura eletrônica realizada por uma plataforma privada não oferecia
segurança suficiente contra fraudes por não estar vinculada ao ICP-Brasil.
Mas, o STJ afirmou que a lei não
obriga o uso da certificação ICP-Brasil para validar uma assinatura eletrônica,
deixando a escolha do método a critério das partes envolvidas.
A questão central era se uma
assinatura eletrônica feita por uma plataforma privada, sem certificação
oficial do ICP-Brasil, poderia ser considerada legalmente válida, apesar de ser
muito utilizada no Brasil, como por exemplo, por imobiliárias e concessionárias.
O STJ entendeu que,
desde que as partes concordem sobre o método utilizado e que a integridade do
documento seja garantida — como ocorreu neste caso, com o uso de criptografia
segura (SHA-256) — a assinatura deve ser aceita e é válida.
Embora as assinaturas
certificadas pelo ICP-Brasil tenham maior força probatória, a ministra
enfatizou que negar validade a outras assinaturas eletrônicas apenas por não
seguirem o padrão ICP-Brasil seria um formalismo desnecessário, destoando das
demandas tecnológicas e jurídicas atuais.
Como a decisão impacta
brasileiros que moram no Exterior?
Muitas vezes, mesmo tendo
assinatura digital, para que um documento eletrônico fosse considerado válido
no Brasil, ele precisava ser assinado por meio da certificação ICP-Brasil, um
sistema que pode ser difícil de acessar para quem mora fora do país.
É o caso de alguns Cartório de
imóveis, por exemplo, que exigiam essa certificação específica.
Essa nova decisão do Supremo
Tribunal de Justiça tem um impacto positivo para os brasileiros que vivem no
exterior, já que simplifica o processo de autenticação de documentos
eletrônicos, reduzindo a burocracia envolvida em transações e processos legais à
distância.
Agora, com essa nova
interpretação (ou melhor, o bom senso sobre a letra da lei) documentos
assinados por outras plataformas digitais, desde oficiais e aceitas pelas
partes envolvidas e que garantam a segurança e a integridade dos dados, também
têm validade jurídica.
Essa mudança facilita a vida dos
brasileiros no exterior, pois dispensa o processo tradicional e burocrático da
certificação ICP-Brasil, que exigia presença física. Com isso, tanto o tempo
quanto os custos relacionados a deslocamentos e à autenticação em cartórios são
consideravelmente diminuídos.
Afinal, quem teve que agendar um
atendimento no consulado brasileiro e precisou viajar horas, agradece!
Conclusão
A decisão moderniza as
exigências legais e traz mais flexibilidade, permitindo que brasileiros no
exterior realizem operações burocráticas administrativas em tabelionatos,
cartórios, prefeituras, etc., ou mesmo judiciais de maneira eficiente, segura. It's
a game changer!
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